Para Marguerite
te encontro na praia
no meio-de-qualquer-coisa
nosso sempre encontro
na cidade sem tempo
lugar do mar
você com seu martini
(é sempre verão tem
sempre martini
e sempre silêncio)
tento atravessar a
areia, mas o vento
e a chuva arrastam
meu corpo para longe
gaivota que
luta para voar num filme
rodado de trás para frente
no lugar do mar
ninguém fala com você
a máquina de escrever
verão e sol-chuva
(cinzalaranjaamarelo)
no pulmão
é o vietnã e miramar
e é o rio sem
mar nesse subúrbio
infinito
quero te dizer (tão longo)
não beba
ninguém diz
já desistiram de
impedir o martini
e a água de colônia
o vento-sal não me permite
dizer
não beba
estamos sozinhas e
sabemos, cada uma
de sua ponta da praia
olhamos o mesmo álbum
de fotografias
de gestos interrompidos
a máquina tecla
todo dia a máquina
e todo dia o martini
sem tempo