Eles não se conhecem. Dentro da casa, não se conhecem. Quando ela entra, a sala está escura. É dia, mas as cortinas estão cerradas. De pé, ele está encostado na parede mais distante da porta. Nada dizem. Ela se senta na cadeira. Está cansada da viagem longa. Tem sede, mas suas pernas pesam. Teria deContinuar lendo “Você, sem nome”
Arquivos do autor:Luizza Milczanowski
Como, pai, nasce um poeta?
Como, pai, nasce um poeta? Meu pai foi quem primeiro me ensinou a amar a poesia e a ter os poetas ao redor dos ouvidos. Queria infinitas as histórias murmuradas na boca da infância (escrevi antes de escrever). Achava tão sábios os poetas, como podiam de palavras pequeninas lavrar sentimentos grandes. Mas eu me rebeleiContinuar lendo “Como, pai, nasce um poeta?”
O Diálogo, de Luizza Milczanowski
Publicado originalmente em Michelle das 5 às 7:
Conheci a Luizza como a maioria das pessoas se conhecem hoje: pela Internet. Não sei como começamos a nos seguir, mas logo vieram os likes e alguns comentários. Algum tempo depois ela gentilmente me ofereceu um exemplar de O Diálogo, seu livro de estreia, publicado pela Editora Penalux. Quem…
Ao sair da Rússia
É como se agora, depois de ter vivido a Rússia, pudéssemos quase compartilhar de uma mesma nostalgia – não a mesma Rússia, não a mesma nostalgia. No inverno, presenciei um verão nabokoviano em Rojdestveno, quando as folhas marrons se camuflaram em borboletas a voar no campo seco e com resquícios de neve. Na casa doContinuar lendo “Ao sair da Rússia”
Verão de 21
Para Marguerite te encontro na praia no meio-de-qualquer-coisa nosso sempre encontro na cidade sem tempo lugar do mar você com seu martini (é sempre verão tem sempre martini e sempre silêncio) tento atravessar a areia, mas o vento e a chuva arrastam meu corpo para longe gaivota que luta para voar num filme rodado deContinuar lendo “Verão de 21“
COLAGISTA DA TRAGÉDIA
Eu imaginava a vida assim, ligeiramente diferente. Não feliz. Ainda triste, mas uma tristeza outra, dentro da minha escolha de sofrer. Vida alegre nunca fez sentido para mim. Vida alegre era coisa impossível, fora mesmo da imaginação. E o que você imaginava. Imaginava o amor. Um amor sofrido, é claro. Mas é melhor que oContinuar lendo “COLAGISTA DA TRAGÉDIA”
JOGO AS PALAVRAS PELA JANELA PARA NÃO MORRER
Aproveito minha solidão para escrever E tentar não morrer E tentar não morrer Prendo a respiração para não morrer Não morrer Não morrer Aproveito minha solidão para escrever. Uma carta, que é um e-mail, me diz no assunto: o suicídio é a única morte não prematura. Todas as outrasContinuar lendo “JOGO AS PALAVRAS PELA JANELA PARA NÃO MORRER”
Em busca de Vladimir Nabokov: Minha viagem nabokoviana pelo continente europeu
Ensaio ou relato de viagem sobre minha viagem pelo continente europeu, nos lugares em que Vladimir Nabokov nasceu, viveu e morreu.
Ser o que se é
Exercício difícil: dizer o que se é. O que sou? Palavra enorme. O que cabe dentro de uma biografia? Não sei. Todas as definições me assustam. Só sei que escrevo. É assim: sempre escrevi. Escrevi antes mesmo de saber escrever. Inventava histórias na boca da infância. Narrativas e personagens infindáveis que, com meu crescimento, foramContinuar lendo “Ser o que se é”
Segunda-feira é apenas um nome, por Luizza Milczanowski
Texto meu que saiu na antologia de quarentena da Oribê.