
Às vezes te encontro
nos meus sonhos
os olhos aguados
em metamorfose
com muitos outros.
Há sempre algo de essencialmente errado na sua aparência. Algo que não se conforma com a realidade.
(Oito anos. Onze anos. São fendas no tempo).
Pareço mais nova do que há oito anos. Infinitamente criança-artista. Em busca da infância que não tive.
Tenho então menos medo de encontrar suas mãos.
menos medo nos sonhos-pesadelo.
Tenho sonhos lânguidos
(mas não com você)
Sonho com muitos homens.
Uma lascívia que se esconde e acentua nos gestos.
Você me disse, naquela manhã imorredoura, que sua vida se tornaria comum
sem mim.
Você me despertou o gosto pelo segredo
(o desejo de ruína
eu já tinha).
Era, no fim, uma ânsia de amor
um vício em paixões
uma tendência para o caos.
Sempre achei que isso cabia melhor na juventude
que a adolescência me perdoaria tudo.
Adulta, tenho mais medo.